Documentários como “A 13ª Emenda”, da diretora Ava DuVernay, são boas introduções aos temas raciais para quem deseja entender os protestos nos EUA
Um Crime Americano
Direção de Daniel Lindsay e T.J. Martin
“LA 92”, filme de 2017, explora um momento histórico da cidade de Los Angeles: os protestos e ondas de violência que tomaram conta da cidade em 1992. O estopim para a explosão em massa que provocou passeatas, embates, incêndios e destruição foi o caso de Rodney King, trabalhador de construção civil. Em 3 de março de 1991, King, negro, foi violentamente detido e espancado por policiais brancos após ser acusado de dirigir em alta velocidade. A ação policial foi capturada em vídeo. Em abril de 1992, um júri de maioria branca absolveu os policiais. A injustiça deu início a uma guerra racial na cidade, que durou três dias e terminou com 58 mortes, 2.800 feridos, 3.100 comércios destruídos e prejuízos de mais de US$ 1 bilhão. Posteriormente, Rodney King recebeu uma indenização de US$ 3,8 milhões.
O documentário, premiado com o Emmy, esmiúça através de imagens de arquivo a onda de protestos, mais de duas décadas depois, e faz uma ligação do episódio de 1992 com outros momentos da história americana, como os “Protestos Watts” de 1965, a eleição de Tom Bradley em 1973 e o assassinato da menina Latasha Harlins, em 1991.
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A tensão racial na Califórnia estava alta nos anos 1990. O caso de Rodney King teve influência direta no julgamento do ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson, preso em 1994 sob acusação de matar sua ex-mulher e outro homem. Ele acabou inocentado, em um júri com muitas pessoas negras. Herói nacional, Simpson e seu advogado convenceram o público de que aquele era, mais uma vez, o caso de um negro sendo falsamente acusado pela justiça. Tal fator racial no julgamento é explorado no documentário da ESPN “O.J. – Made In America”, ganhador de um Oscar, e na primeira temporada da série de ficção “American Crime Story”, onde Cuba Gooding Jr. encarna Simpson.
The Force
The ForceDireção de Peter Nicks
O documentário de 2017, premiado no Festival de Sundance, traz o ponto de vista das forças policiais para falar de racismo, machismo, violência policial e criminalidade. O diretor Peter Nicks conta a história da polícia de Oakland, Califórnia, que passa por uma profunda reforma após pressão federal e um explosivo caso de abuso sexual. O departamento policial local tenta mudar após escândalos e pressão social, aumentando a investigação sobre policiais acusados de má conduta.
O filme mostra que, enquanto a cidade enfrentava altas taxas de criminalidade, a força policial se envolvia em escândalos de violência e prostituição. Seria possível mudar esse quadro, partindo das entranhas da justiça?
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Veja o filme “O Ódio que Você Semeia”, dirigido em 2018 por George Tillman, Jr., baseado no romance da escritora negra Angie Thomas. A história gira em torno de Starr Carter, adolescente negra que vive entre duas realidades: a violência de seu bairro e a escola de elite que frequenta. Ela acaba sendo testemunha de um assassinato de seu amigo Khalil, morto por um policial.