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FAPESP: Genome 20+2 Workshop

Agência FAPESP – Há 22 anos a reportagem de capa da revista Nature trazia os resultados do primeiro projeto de sequenciamento genômico da bactéria Xylella fastidiosa, agente etiológico da clorose variegada dos citros (CVC), mais conhecida como amarelinho, que na época causava grandes prejuízos aos citricultores paulistas. A empreitada foi conduzida pela rede Onsa (do inglês, Organização Virtual para Sequenciamento de Nucleotídeos), que reuniu 191 pesquisadores de 33 laboratórios no Estado de São Paulo Paulo, inaugurou o Projeto Genoma FAPESP e qualificou recursos humanos para a pesquisa em genética molecular no país.

“A genômica no Brasil nasceu na FAPESP”, afirma Marco Antonio Zago, presidente da Fundação que, na época, liderava o Laboratório de Hematologia Molecular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), um dos que integraram a rede do projeto.“O sequenciamento completo do genoma da Xylella fastidiosa foi um ato heróico para a época e suas consequências foram enormes.”

Para celebrar os 22 anos do Projeto Genoma, será realizado nos dias 21 e 22 de novembro, em São Paulo, o Genome Workshop 20+2. O evento integra as atividades comemorativas do 60º aniversário da FAPESP e, além de relembrar as realizações do passado, tem o propósito de debater cenários atuais e oportunidades futuras da genômica em três diferentes áreas de pesquisa: “Genômica de Patógenos”, “Genômica do Câncer” e “Genômica Agroambiental”. A programação completa pode ser conferida em: 60anos.fapesp.br/genomeworkshop/.

O site trará ainda uma série de entrevistas com os principais responsáveis pela arquitetura e gestão do projeto, além de pesquisadores envolvidos e jovens cientistas que há duas décadas estavam realizando seu mestrado ou doutorado e hoje têm carreira científica consolidada.

Nas duas entrevistas já publicadas, José Fernando Perez, diretor científico da FAPESP à época do lançamento do Projeto Genoma, e Fernando Reinach, então membro da Coordenação de Área – Biologia da Fundação, lembram dos principais desafios de organização, gestão e acompanhamento de um projeto que envolvia desde a distribuição dos fragmentos do genoma da Xylella fastidiosa a 33 laboratórios de pesquisa em todo o Estado, até a montagem final e a anotação dos 2.900 genes no laboratório central de bioinformática, em Campinas.

“Era um projeto de US$ 10 milhões, embora naquela época um dólar valesse um real. Era o maior projeto científico que estava sendo financiado na história do Brasil”, afirma Perez, em entrevista que contou com a participação do presidente da FAPESP. “A gente achou que seria muito legal ter um comitê internacional que pudesse vir aqui e avaliar, a cada dois ou três meses, como a coisa estava indo, já que existia o risco de não andar bem. Precisava de alguém que desse o aval de que as coisas estavam indo bem ou, se estivessem indo mal, [indicasse] como resolver”, lembra Reinach.

Programação

Às 9 horas do dia 21 de novembro, participarão da mesa de abertura Zago, presidente da FAPESP, Luiz Eugênio de Mello, diretor científico da Fundação, e Reinach, gestor do Fundo Pitanga e um dos idealizadores do Projeto Genoma FAPESP ao lado de Perez, atualmente diretor-presidente da empresa Recepta Biopharma.

Na sequência, a professora da USP Marie-Anne Van Sluys será a moderadora da mesa-redonda dedicada ao tema “Genômica de Patógenos”. Hoje integrante da Coordenação Adjunta de Programas Especiais e Colaborações em Pesquisa da FAPESP, Van Sluys fez parte da rede Onsa quando ainda era estudante de pós-graduação.

“Quando lembro da atuação da rede Onsa, faço analogia com uma orquestra sinfônica, em que cada integrante tinha a sua partitura e dava sua contribuição para o todo. Tínhamos um regente, Andrew Simpson, a nos guiar com sua batuta e havia um grupo de primeiros violinos. Mas a música só ganhava corpo com todos tocando”, diz Van Sluys.

Participam do debate Perez, Alessandra Alves de Souza (Instituto Agronômico -IAC/APTA), Jorge Elias Kalil Filho (USP), João Marcelo Pereira Alves (USP) e, a confirmar, um pesquisador do Arthropod Genomics Research Working Group – Ag100pests Inniciative, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

No período da tarde será realizada a mesa sobre “Genomica Agroambiental”, com moderação do professor da USP Luis Eduardo Aranha Camargo. Os participantes serão Paulo Arruda (Universidade Estadual de Campinas), Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos (Laboratório Nacional de Computação Científica), João Carlos Setubal (USP), Claudia Barros Monteiro-Vitorello (Esalq-USP) e Mark Blaxter (Sanger Insitute Darwin Tree of Life).

E, na manhã do dia 22 de novembro, a “Genômica do Câncer” será o tema da mesa comandada por Anamaria Aranha Camargo, pesquisadora do Hospital Sírio Libanês e membro da Coordenação Adjunta – Ciências da Vida na FAPESP. Participam Andrew Simpson (Orygen Biotecnologia), Emmanuel Dias Neto (AC Camargo Cancer Center), Sergio Verjovsky (Instituto Butantan) e Rui Manuel Vieira Reis (Hospital de Amor). Durante a sessão será feita uma homenagem ao legado do professor Ricardo Renzo Brentani, ex-diretor científico da FAPESP falecido em 2011, encerrando com a Conferência “Ricardo R.Brentani In Memoriam Lecture”.

“O conhecimento gerado nas últimas décadas sobre o genoma do câncer permitiu o desenvolvimento de novas formas de diagnóstico e tratamento da doença. A contribuição brasileira foi extremamente relevante, permitiu a identificação de novos genes e definiu o perfil de expressão gênica em tumores raros e de alta incidência no Brasil”, aponta Camargo.

 

Fonte: FAPESP

2022-11-11T14:48:23-03:00

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